Alterações Oftalmológicas em COVID

Por: Prof. Dr. Rubens Belfort Jr – Prof. Emérito EPM UNIFESP

A grande experiência em doenças infecciosas do Departamento de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP incluindo Zica e Febre Amarela nos levou à suspeita do Covid causar lesões oftalmológicas e ainda em abril de 2020 quando se pensava ser o Covid apenas uma doença localizada, publicamos o primeiro artigo na literatura mundial (Lancet, maio de 2020) mostrando alterações retinianas.

Em meados de 2020 analisamos 104 pacientes, dos quais 44 na enfermaria e 60 em UTI e observamos 42% com exsudatos, hemorragias retinianas e vítreas, edema de papila, vasculite e com muita frequência, oclusões vasculares.  Ficou caracterizado o envolvimento retiniano e a possiblidade da retina ser um biomarcador para ajudar a identificar e acompanhar lesões vasculares sistêmicas e a identificação do vírus na retina. Várias pesquisas continuam em andamento tratando de entender se as alterações de retina seriam relacionadas ao vírus ou alterações sistêmicas. O exame oftalmológico foi acompanhado de captação e estudo de imagem retinianas e teleoftalmologia com o apoio fortíssimo das equipes multidisciplinares e acompanhado por estudo anátomo patológico e de biologia molecular em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro e Mc Gill no Canada, em pacientes falecidos nas nossas diferentes unidades hospitalares.

Levantamento da literatura mostra até novembro deste ano 29 publicações oftalmológicas das quais 20, com mais de 40 coautores, do complexo EPM-UNIFESP-Instituto da Visão. Envolve docentes, orientadores e alunos da pós-graduação, bem como residentes e estudantes de graduação, sendo multidisciplinar, contando com o apoio da rede vírus do Ministério de Ciência e Tecnologia – CNPq. Mantemos também uma busca ativa de novas informações e trabalhos publicados através do e-mail olhocovid@institutodavisao.org.br

Também desde o início deste ano passamos a publicar possíveis lesões oftalmológicas associadas à vacinação ou coincidentes. Esta continua uma forte linha de pesquisa atual e os estudos estão sendo realizados em cooperação também com a Academia Nacional de Medicina e a Anvisa. Visam também aumentar a notificação e a análise seletiva destas informações para verificar fatores de risco e eventual melhor tratamento. Um dos aspectos atualmente em estudo é a semelhança de lesões oftalmológicas e entidades diagnosticadas em pacientes sem e com Covid com aquelas eventualmente presentes em pacientes vacinados com diferentes tipos de imunização.

Anexamos a lista dos artigos publicados por grupos brasileiros até a data de hoje https://www.institutodavisao.org.br/informativo/2021/11-29/

Rubens Belfort Jr.
Prof Emérito EPM UNIFESP
Pesq 1ACNPq, Membro ABC e ANM
Presidente Instituto da Visão IPEPO