Poder Médico

Por: Prof. Dr. Paulo Schor.

Dizem que se você busca ter poder tem de estar preparado para exercer. No caso dos médicos essa força de convencimento vem muitas vezes de forma “orgânica”, como se fosse mesmo natural a gente falar uma coisa e a outra pessoa obedecer nosso conselho. Sempre!

Há uma enorme mistura de razões históricas, sociais, econômicas, tecnológicas e de acesso, para que a posição de “médico Semideus” se mantenha tão pouco alterada até os dias de hoje, e por isso mesmo vale a pena sempre chamar atenção para essa dinâmica, tanto para o paciente como para os médicos.

Os pacientes que têm possibilidade checam cada vez mais as informações sobre as sensações que tem antes de chegar ao profissional de saúde, e claro, buscam eco, suporte e confirmação ao sair da consulta com um “dianóstico”.

Nossos comitês de ética, que fazem uma ótima mediação entre voluntários (pacientes) e o sistema de saúde, prevêem os direitos dos participantes (https://cep.unifesp.br/images/documentos/Cartilha_Direitos_Participantes_de_Pesquisa_2020__Conep.pdf) e temos mais atividade ao longo do tempo, com perguntas, criticas e sugestões, o que sem dúvida aumenta o trabalho dos pesquisadores porém aumenta muito a qualidade da pesquisa, com a avaliação de quem vai utilizar (ou não) a solução proposta.

Os médicos por sua vez têm mais acesso, e as formações buscam discutir mais humanidade na grade de formação. Entender as pessoas é arte e não tem fim, portanto sempre será insuficiente a quantidade de informação, e mesmo o tempo de uma “graduação” nesse sentido, mas saber quem somos, e principalmente quem não somos (Semideuses), já ajuda imensamente.

Sem esse equilíbrio de forças, corremos alguns riscos : O de prescrever sozinhos, sermos tomados a sério, e o paciente não se sentir melhor (grave). O de prescrever e não sermos tomados a sério (gravíssimo), e o de perder a credibilidade e nem ser mais chamado para a prescrição (fim).

Prof. Dr. Paulo Schor